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08 dezembro 2003

Grato Alívio

Como é sabido, entre os que a "Grande reportagem" faz falta, esta revista sofreu alterações quer quanto à peridiocidade como em relação à distribuição - de mensal a semanal, de publicação isolada a componente das edições de Sábado dos "Jornal de Notícias e "Diário de Notícias".

Anunciadas as alterações foi sendo adiada a edição do novo formato até ao passado dia 29 de Novembro. Surge então o seu n.º 151, sem surpresas, qualidade inferior do papel, um grafismo a aproximá-la de outra congénere, menos volume (decorrente da redução da periodicidade), onde o seu director, Francisco José Viegas, afirma logo em editorial a manutenção dos ideais que regeram esta revista desde o seu início com José Manual Barata-Feyo, passando a citar: Contra a voracidade das notícias - que se repetem nos jornais, na rádio, na televisão, a GRANDE REPORTAGEM preferiu sempre a ideia de contar histórias bem escritas sobre o que podia mudar a nossa vida, que leventassem suspeitas, que abrissem caminhos, que nunca se acomodassem, que raramente fossem dispensáveis, que não ficassem "prisioneiras da actualidade" nem devedoras do que a actualidade transformara.

O bom mote estava dado, a manutenção da direcção e da linha editorial, mas não basta como é sabido. Alterações, e logo estas duas que poderiam ferir a "personalidade" própria do projecto, provocam inevitavelmente grandes ajustamentos, em geral penosos se pessoas e seu inter-relacionamento envolverem, morosos até que uma nova normalidade se instale e frutifique numa nova rotina onde todos reconhecem o seu lugar e papel a desempenhar.

Foi no meio destas cogitações que abri o n.º seguinte, a de Sábado passado, receoso, talvez, mas abri... para só fechar no seu fim, passado umas 2 horas, emocionado com uma GRANDE mesmo muito GRANDE REPORTAGEM. De um só fôlego sorvi-a até ao "tutano"!

Que salientar? Muito difícil, comprem e leiam se ainda forem a tempo, mas são extraordinárias as reportagens " A Cidade dos Heróis" e "United States nos Açores", que não narram nem descrevem, colocam-nos lá, lá de dentro, "Nos Bastidores do Petróleo", "As Rosas de Tiblissi" e, como sempre, as crónicas de Barata-Feyo e (por que se ouvirá ainda tão pouco falar desta grande jornalista) Paula Moura Pinheiro.

Demorei um pouco a escrever sobre esta Grande Reportagem, estive para não o fazer, hesitei perante o risco de se pensar que o objecto seria "passar o sabonete" ao Aviz mas, mesmo correndo esse risco, não me senti confortável em guardar o que queria partilhar. Tal como enuncio na descrição deste Ideias Soltas, "se aqui não fora em mim só seria", preferi ser coerente, perante a concorrência de riscos - o já dito e o de me aviltar. Venceu o que em mim mais força teve. Risco assumido!