Páginas

15 outubro 2003

AMEC 5

Será que já alguém saberá quais são os “termos”?
Segundo parece já não há correntes nas portas, os alunos já vão às aulas, os professores já podem ensinar e os músicos não sei, talvez continuem parados – Miguel Graça Moura parece não frequentar as instalações da AMEC e o maestro da Orquestra Académica, Jean-Marc Burfin, parece continuar doente.
Atrás dissertei sobre o cancelamento do concerto inserido no Festival de Orgão pela Metropolitana, sobre o diz que se disse e aproveito agora para reproduzir um comunicado da recente comissão de músicos, datado de 4 de Outubro, que parece aclarar um pouco melhor o que vem sendo dito. Aqui vai:

COMUNICADO DA COMISSÃO DE MÚSICOS DA ORQUESTRA METROPOLITANA DE LISBOA



Face aos acontecimentos ocorridos hoje (4 de Outubro pelas 20h00) durante um ensaio ocorrido na Sé de Lisboa com vista à preparação do Concerto de encerramento do Festival Internacional de Órgão de Lisboa a realizar no dia 6 de Outubro, a Comissão de Músicos da OML deseja comunicar o seguinte:



1 – Na passada quinta – feira o Maestro assumiu o compromisso com a Comissão de Músicos da Orquestra que, no dia em que recebesse a comunicação oficial da saída dos membros fundadores da AMEC, ele apresentaria imediatamente a sua demissão.

2 – No dia seguinte essa comunicação foi recebida na AMEC via fax às 17h00 e às 19h00 foi entregue em mão ao próprio Maestro.

3 – Embora o Maestro não tenha cumprido a sua palavra de se demitir imediatamente no dia em que recebesse a citada carta, a Orquestra, em reunião, decidiu por unanimidade conceder-lhe uma última oportunidade de apresentar oficialmente, por escrito, a sua demissão até segunda – feira, dia 6 de Outubro, pelas 12h00. Contudo, os músicos garantiram a realização do concerto do dia 6 de Outubro, caso o Maestro cumprisse finalmente a sua palavra.

4 – Como já é do conhecimento público, o Maestro anunciou a sua intenção de sair durante uma entrevista concedida hoje ao canal Sic Notícias no Jornal das Sete.

5 – Cerca das 20h00, no início do ensaio programado, o Maestro dirigiu-se à Orquestra numa tentativa deliberada de pressão, visto que se encontravam também presentes pessoas estranhas à Orquestra, nomeadamente cerca de 100 coralistas pertencentes aos coros do Instituto Gregoriano de Lisboa e Lisboa Cantat, bem como o Presidente da Juventude Musical Portuguesa.
Neste contexto, o Maestro afirmou e passamos a citar: “saio só nos meus termos, no dia que eu entender e quando me for conveniente”. De seguida, interpelou a Orquestra no sentido de saber se os músicos estavam dispostos a realizar o concerto. A Comissão dos Músicos presente reiterou a vontade de tocar, cabendo ao Maestro tomar a decisão de o dirigir ou não.
Neste enquadramento e face à falta de tomada de decisão do maestro, o Presidente da JMP decidiu cancelar o concerto bem como comunicar publicamente o facto no concerto a realizar na Igreja se S. Vicente de Fora pelas 21h30.



A COMISSÃO DE MÚSICOS DA OML
Lisboa 4 de Outubro de 2003


Ora, pelo que aqui é dito, afinal a responsabilidade pelo cancelamento do concerto é do Presidente da Juventude Musical Portuguesa. Nem mais, nem dos músicos nem do maestro! Pelo que não foi dito, alguém com responsabilidade no evento, disse, disse, com certeza, que não estaria para aturar aquelas questiúnculas!

Depois deste comunicado já se fecharam portas, já se voltaram a abrir, mas no essencial tudo como dantes apesar de algumas Câmaras associadas, as tais que sustentam MGM, terem afiançado que adiantariam a sua parte do financiamento até ao final do corrente ano.
Permanece, ininteligivelmente, o silêncio ensurdecedor dos promotores, Câmara Municipal de Lisboa, Ministérios da Cultura e da Educação e, afinal, dos tais termos em que nos poderemos ver livres de MGM. Disse este que aguardará pela próxima Assembleia Geral, mas para quê? Para anunciar os tais termos ou para pôr termo ao desmoronamento da AMEC?

Relembro, só há duas soluções, ou despedimento com justa causa ou negociação com Miguel Graça Moura. De que continuam à espera os promotores, da declaração de falência da AMEC? Se tal vier a acontecer ninguém duvidará sobre quem recairá a responsabilidade – a Câmara Municipal de Lisboa e todos os Ministérios e Direcções Gerais do actual Governo que fazem parte dos promotores, sem isentar o absurdo silêncio dos partidos da oposição, nomeadamente o Partido Socialista.