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08 outubro 2003

Metropolitana - folhetim 2

da vendeta, da ilegalidade e da chantagem
A Antena 2 volta a prestar serviço público, coisa escassa, hoje no "Acordar a 2". Peço desculpa por não recordar os nomes dos animadores do programa, mas interessa é que convidaram e deram a palavra a quem, nos meio das desavenças das comadres, mais tem sofrido, refiro-me aos músicos e aos estudantes, através de Rui Mira pela comissão de músicos e António Jorge pela associação de estudantes.
Ficamos então a saber que o auto-anunciado promitente demissionário MGM dirige por ora as instalações da AMEC enquanto os músicos se recusam a tocar, os estudantes a aprender e os professores a ensinar. Triste sina a deste homem...! Eu sei, eu sei que raramente os divórcios são desejados por ambos, mas que diabo, quando já não temos a consorte de que serve insistir na união legal? Pois é, está nos livros, os filhos é que sofrem! É o caso, pelas palavras dos entrevistados, a AMEC desmorona-se pela mão do progenitor. Novidade, novidade também não é, estamos cansados de ver, se não fores minha não serás de mais ninguém!
Ficámos também a saber o que já sabíamos, que a esmagadora maioria dos músicos não pertence ao quadro, são prestadores de serviços e que, por este facto, dois deles foram sumariamente dispensados pelo maestro logo após a manifestação de desacordo às posições assumidas pelo déspota.
Por dedução, aferimos que os fundadores e principais financiadores, a Câmara de Lisboa e os Ministérios da Cultura e Educação, pactuaram com a ilegalidade do modelo de prestação de serviços durantes mais de 10 anos, tantos os que conta a AMEC.
Questionámo-nos qual a razão que terá levado a estas nobres e públicas posições dos músicos e estudantes, constituídos recentemente em comissão e associação e a resposta surgiu sem demora: em reunião havida entre estas recentes estruturas e a senhora vereadora da cultura da Câmara de Lisboa foi-lhes, por esta, afiançado que não receberiam os honorários enquanto MGM permanecesse na instituição e que se não agissem no sentido de o obrigar a sair a Câmara contituiria nova orquestra com outros músicos.
Do que mais me agrada neste país é ver recorrentemente aliadas a coragem e a nobreza da caracter, emociona-me profundamente...
Mas há mais, embora em diferentes versões, os entrevistados afiançam que o maestro telefonou a vários músicos para assegurar o concerto no Festival de Orgão enquanto MGM afirma que a senhora D. Gabriela Canavilhas telefonou a outros tantos a incentivar o boicote do referido concerto!
Quem? A Sra. D. Gabriela Canavilhas? Não, só um momento..., não, não pertence aos quadros da AMEC nem é lá prestadora de serviços. Mas..., então? Não, deve tê-lo feito na qualidade de promitente futura directora anunciada pela Câmara de Lisboa, pelo Ministério da Cultura e o da Educação!
Como é que é que isto é possível? Vendetas de moleques, ilegalidades várias, chantagens oriundas do Poder Autárquico e do Governo, ingerências de proclamados promitentes futuros directores e um coveiro que quer o nado morto!
E prosseguimos, prosseguimos com o Governo calado, a oposição muda e os cidadãos cegos.
No meio desta profícua novela talvez razão tenha o Crítico que, parodiando, promete escrever um livro sobre o assunto! Que Deus lhe dê muitos anos de vida para conseguir o necessário tempo para levar a empreitada a bom porto.
Amanhã será dia de Gabriela Canavilhas conduzir o "Acordar a 2" onde talvez possamos ser mais e melhor elucidados. Quem sabe se o próprio Presidente da Câmara de Lisboa não será convidado?