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06 novembro 2003

De Regresso à Imigração

A propósito deste Adufe e do que aqui escrevi.

A questão parece querer manter-se nestes termos – quem defende a abertura à imigração é anti-patrióta, quem defende a imigração 0 é racista!

Peguemos num assunto bem actual, a falta de médicos. Não vou sequer deambular pela atribuição de responsabilidades, o Presidente da República falou sobre isso ontem, antes por uma lógica que defendi. Tentando refundar!

A quem defende que a abertura das nossas fronteiras só serve para ter crimonosos entre nós, não tenho comentário algum que me ocorra. Certo é, no entanto, que muita gente há que não tem culpa de ter nascido num local sem recursos sendo sua obrigação moral e ética procurar sustento para a sua família. O nosso caso recente de emigração era exemplo do que acabo de dizer.
Desta forma é desumano que os países que subscreveram a Declaração dos Direitos Humanos, nomeadamente os da Europa ocidental, fechem as suas portas perante as extremas dificuldades em que vivem muitos nossos semelhantes!

Princípio, sim, a questão de moral, de ética. Mas, se nós não consiguimos melhorar as condições de vida destes imigrados, para quê deixá-los vir?

É aqui que introduzo o problema fulcral da lamentável ausência de uma política de imigração! Porque continua a nossa Ordem dos Médicos a não reconhecer os seus colegas formados nos países de leste? As nossas orquestras estão cheias de diplomados nesses países e, em abono da verdade, promoveram significativamente a elevação da qualidade das mesmas. Não poderiam as nossas embaixadas e consulados promover a imigração e integração junto daqueles que melhor respondam às nossas necessidades?

Formar um obstectra ou um pediatra leva mais de 10 anos. Vamos ficar sem médicos especialistas até então por uma birra da Ordem dos Médicos que é a principal responsável pela situação?

Haja bom senso, haja a coragem de estabelecer uma política de imigração adequada às nossas necessidades, por um lado e, por outro, à nossa capacidade de integração social.
Uma política de imigração 0 é equivalente a imigração clandestina; a total abertura é sinónimo de irresponsabilidade.