Ontem no "Prós e Contras" era suposto falar dos problemas da interioridade, mas fomos confrontados com mais uma proposta de esquartejamento do país, agora não em regiões antes em zonas metropolitanas, produto da cabeça do Sr. Secretário de Estado José Relvas.
O único estudo com princípio e fim foi encomendado pelo governo a Daniel Bessa que identificou as particularidades de cada área, tipificou-as, anunciou uma divisão administrativa apoiada em dificuldades comuns e apontou possíveis soluções para cada uma delas. O estudo não está disponível na íntegra, apenas uma síntese no site do Ministério da Economia, mas averdade é que as áreas tipificadas por Daniel Bessa não têm correspondência nestas divulgadas pelo governo e, por outro lado, tratando-se como parece de mais um esquartejamento, tudo indica que este servirá melhor a clientela do partido que está no poder, assim como o anterior.
Esta porra de regionalização ou descentralização (que é a mesma trampa, tá-se a ver) prende-se com a passagem para associações de minicípios de respomsabilidades que competem ao poder central, aligeirando desta forma o orçamento do Estado.
Ora, das duas uma, ou se contratam pessoas competentes para gerir localmente essas novas responsabilidades (nem falo das verbas) ou isto não servirá para nada, pois como dise o Sr. Secretário de Estado mais de metade dos funcionários das autarquis tem 4 a 6 anos de escolaridade. No entanto, um dos maiores defeitos apontados ao esquartejamento do anterior governo era a contratação de milhares de novos funcionários para as enunciadas regiões. Que fazer?
É que estamos fartos de politiquices! Já sabemos há muito quais os problemas de cada região, mas há um, o tal da desertificação, que é comum e de resolução improvável em qualquer destes modelos - a ausência que quadros competentes.
É que na mais que proclamada desertificação, a incidência fracturante e inibidora do desenvolvimento é a atracção dos quadros locais para as grandes metrópoles. Daí, sem um esforço concertado entre os Municípios, Instituições de Enino, Ministérios da Educação e Cultura, Regiões de Turismo para captar e fixar competências no interior tudo será vão. Pura treta para servir clientelas, chame-se-lhe regionalização ou descentralização!
Registei, ainda, que no quadro apresentado pelo governo nada está previsto para o Baixo Alentejo, nem área metropolitana, nem associação de municípios, o que revela o que nós já sabíamos, que este governo continua sem saber o que fazer em relação ao Alqueva e ao Aeroporto de Beja. Esta é a verdade, a verdade que a omissão desnuda!
Se não tivesse a idade que tenho defenderia a utopia que alimentava pelos meus vinte anos, a melhor forma de fomentar um desenvolvimento equilibrado seria sediar a Presedência do Conselho de MInistros em Beja, o Ministério da Educação na Covilhã, o da Cultura no Porto, o das Finanças em Porto Santo, o da Economia em Bragança, o da Agricultura em Évora e a Direcção de Informação da RTP em Moimenta da Beira. Em Lisboa permaneceria a Presidência da República e, claro está, o Ministério dos Negócios Estrangeiros. Se esta utopia ou outra de índole idêntica acho que este país mudaria muito...!
O que é assustador é que os políticos que chegam ao poder não fazem a mínima ideia do que é viver no interior para além do pitoresco elogio que endereçam a quem cá vive.
E, já agora, pedimos encarecidamente que abandonem a ideia de nomeações (em caso de descentralização) e de eleições (em caso de regionalização) e promovam concursos públicos que promovam a competência para cada específico desempenho e, se se derem bem com o método façam o mesmo lá prás bamdas de Lisboa e do Porto, pois também aí seria muito útil!
Acabem com plotiquices baratas, é tão-só o que pedimos. Lembrem-se que quase metade da população não vota porque os senhores não a consegue cativar
Tenham respeito, é o mínimo.