Há mais de um ano tremi, eu e todos os que acreditam que à RTP cabe prestar um "Serviço Público", quando o Sr. Ministro parecia querer acabar com tudo o que restava que cheirasse à "supérflua" cultura.
Volvido este ano, muita coisa mudou, até a maneira de pensar do Sr. Ministro.
Vem isto a propósito de duas recentes iniciativas da RTP que poderão ter passado despercebidas mas que são de relevo para quem preza a nossa memória colectiva e para quem acredita que somos capazes de fazer bem - o contrato com a Tobis para a recuperação e digitalização de todo o acervo da RTP ainda arquivado em filme e o contrato com o Ministério da Cultura para a produção de 12 documentários sobre Portugal a entregar por concurso público a produtores nacionais independentes.
Apesar de ninguém ter ainda definido o que será "Serviço Público" audiovisual, sem margem para dúvidas, ninguém questionará que estas duas iniciativas são Serviço Público.
Os meus parabéns à equipa liderada pelo Dr. Almerindo Marques, a quem conseguiu convencer o Sr. Ministro que existiam outros caminhos e ao Sr. Ministro por constatar que há outros caminhos bem mais nobres a trilhar, a bem da cultura e de todos nós.
Aguardo com ansiedade o anúncio da recuperação do mais valioso espólio fonográfico português, sem o qual não será mais possível fazer a história da música da 2ª metade do sec. XX português, constituído pela RDP, em especial ao da Antena 2, cujo conteúdo e situação de armazenamento desconhecemos e suspeitamos que não esteja a ser adequadamente cuidado.