Ouvi e repeti, recorrentemente, esta frase. Verdadeira? Bem pelo contrário! Ninguém é substituível, repetível! Mas porque insistimos em vulgarizar esta torpe mentira?
Não encontro razão que não seja o medo, o medo que advém da perenidade do Ser, da vulnerabilidade do aconchego das nossas rotinas, até porque onde é mais utilizada esta expressão é no meio empresarial, sempre que um quadro sai ou é obrigado a afastar-se. Dir-se-ia que que a expressão é um bálsamo utilizado a preceito para quem dele precisa.
Mas mesmo que o digamos como se de verdade se tratasse há pessoas de quem se sente muito a ausência!
Vem isto a propósito da última 'Grande Reportagem' onde, uma vez mais, Paula Moura Pinheiro, me dá uma das razões para não perder um único número desta publicação. Neste Sábado vai dizendo, sob o título 'Fizemo-nos as fadas e as bruxas que nos contávamos SÓ COM PALAVRAS', passo a citar:
" nunca, como hoje, tantos se encontraram, encantaram e desencantaram através da palavra escrita.
(...)
Sob a hipertensão eléctrica das nossas sociedades tecnológicas, febris correntes de palavras, lançadas no espaço cibernético, continuam a ligar-nos aos pares, num jogo com uma disseminação sem precedentes. A sussurrar segredos, a provocar o choro, a chamar para a festa, a espicaçar ciúme, a intrigar. A fazer o Amor. A fazer maldades. Gente que se escolhe e se rejeita através do texto. Escrito.
Relações virtuais? De maneira nenhuma. Relações reais, desenvolvidas num espaço imaterial. A novidade está apenas na imaterialidade do suporte(...)"
Não perco um destes "Dias Imperfeitos" de Paula Moura Pinheiro, pelo prazer da sua escrita, com toda a certeza, mas seguramente pela opinião sincera, ousada e distante do politicamente correcto que nos envolve, no concreto caso sem ter a mínima pretensão de acusar ou defender a proliferação de blogues, tão-só lucida e descomprometidamente constatando.