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07 março 2004

Ideias à Solta

De passagem, ora conscientes ora difusas, pensamentos que se me passam, fogem, regressam com as mesmas inquietações e incertezas, mas estão presentes, neste fim-de-semana.

1 - "um blog é aquilo que nós quisermos que ele seja", repete Luís Ene, e bem e foi ouvindo essa frase que me dei a escrever o que aqui escrevi, sobre a blogosfera.

2 - no seu último editorial como director da Grande Reportagem Francisco José Viegas adianta:

"Para que não se criem equívocos, explico que a decisão de abandonar a direcção da revista se deve a razões de ordem estritamente pessoal."

Não tenho que comentar, mas lamento, tenho pena, ou será medo, de perder a Grande Reportagem. Deste receio as razões de Francisco José Viegas não me confortam.

3 - José Pacheco Pereira disse sob o título "FIM DA LUNA, 106.2 FM, MONTIJO"


"As coisas que fazemos bem , mesmo quando são simples, escassas de meios, mas no bom sentido, têm uma elevada mortalidade. A rádio Luna, a “rádio calma”, que trazia a Lisboa, à volta de Lisboa, o som mais puro da música clássica, vai acabar. Tantas vezes alternativa à excessiva loquacidade da Antena 2 – tanto se fala naquela rádio! – desaparece sem se perceber com que proveito ou vantagem, a não ser para o negócio das frequências."

Nada tenho a retirar ou acrescentar. Talvez apenas a nossa aparente vocação para o "que assim seja"!

4 - O Anarca alertou, aqui, que a "S.O.S. Vida" anda a distribuir propaganda impressa contra interrupção voluntária da gravidez (muito bem, nada a dizer), onde se destacam imagens de fetos humanos, junto das escolas.
Tenho pedido a Deus que me ilumine se porventura os encontrar.

5 - O Luís Ene edita os textos que foi recebendo no 1º Concurso de Literatura para Blogs que promove.
Realço, porque quando se faz, e faz bem, é sempre merecido!

6 - A população de Melgaço impõe-se frente à sua estação dos CTT manifestando-se unânimemente contra a entrega dos serviços prestados por esta empresa para outra(s) privada(s).
Em Lisboa ou no Porto, ou em Braga ou em Setúbal, temos tempo, espaço e vontade para esgrimir razões pró e contra público versus privado. Em Melgaço, ou Freixo de Espada à Cinta, em Tondela ou Serpa, nem tempo, nem espaço nem pachorra para isso. É precisamente onde não há, ou há pouco, que o debate público ou privado perde qualquer substância - tem de ser o Estado a prestar eficientemente os serviços imprescindíveis e não lucrativos às populações.
Quem não vive no interior não se apercebe da quantidade de serviços essenciais que os CTT fornecem, desde o vale mensal sem custos nem ônus que o emigrante envia para a família, o único local onde um pensionista recebe a sua pensão sem custos nem encargps e atempadamente, onde se recebem e efectuam os breves e espaçados ,mas imprescindíveis, telefonemas dos e aos parentes, enfim, uma central de serviços públicos às populações do interior, o elo que as liga ao mundo.
Em Lisboa ou no Porto não nos apercebemos disto. Não nos apercebemos e julgamos mal ao considerar justo encerrar uma escola que só tem 5 alunos, deslocando-os para outra a 40 Km, em busca de uma rendibilidade, de princípio erguida, que se contrapõe a um outro princípio que radica nesta civilização judaico-cristã e que secularmente nos foi estruturando e co-relacionando - a solidariedade - fundamento estruturante e que placidamente se tenta destruir. Ora é exactamente nesses locais, onde só há meia-dúzia de alunos que o Estado deve estar presente.
Mas posso estar a ver menos bem. Um assunto a que regressarei, este o da secundarização do princípio da solidariedade.

7 - Estamos a tratar da migração para os serviços do Paulo Querido, na Weblog.com.pt. Mas devagar que isto de quebrar rotinas depois dos 20 é complicado!