José Filipe Murteira, funcionário da Câmara de Beja, responsável pelo seu departamento sócio-cultural, foi desde já nomeado Director Artístico do Pax Julia que iniciará a sua programação lá para o final do ano, princípio de 2005.
Sobre este assunto já aqui e aqui manifestei a minha discordância relativa ao modelo que a Câmara enunciou, através do seu Presidente, para a gestão, direcção artística e programação daquele espaço.
Julgo que ninguém terá dúvidas de que fundadamente não acredito que este modelo de gestão vá servir, em plenitude, as carências que a região sente e que o Pax Julia poderia e deveria colmatar.
No entanto, é com muita estranheza e, devo dizer, alguma repulsa, que leio mais de 3 dezenas de emails de cidadãos anónimos e outros nem por isso a manifestarem-me a sua «solidariedade» com o meu desacordo e a incentivarem-me a não desistir de «denunciar» e «lutar» no sentido de inverter a situação. Ora, a estas senhoras e senhores apenas pergunto porque é que não se manifestaram nos locais próprios atempadamente? Porque razão é que tentam «estimularem-me» a aqui escrever sobre o que já escrevi quando podem, de viva voz, dizer o que acham por bem ou até apresentarem-se na Câmara Municipal às Terças-feiras, dia em que o Sr. Presidente recebe os seus munícipes? Entendamo-nos, isto não é um orgão de comunicação institucional nem tão pouco o seu autor pretende transformar este espaço num «bota-abaixismo», muito menos partidário. Exercem o vosso dever de cidadania a que têm direito num Estado democrático. Pensem que esse direito, ao qual muito poucos têm acesso neste mundo, é antes do mais um dever!
Por último e dirigindo-me directamente ao Sr. Dr. José Filipe Murteira, pessoa por quem nutro simpatia e respeito, desejo as maiores felicidades no desempenho das suas novas atribuições, mantendo, contudo o meu desacordo quanto ao modelo de gestão. Não é a experiência conseguida através das programações da Bejarte (muito haveria a dizer, em especial na promover dos artistas regionais) e da produção da Agenda Cultural que dão experiência bastante para um bom desempenho da gestão do Pax Julia, nem tão pouco a concentração numa pessoa da negociação do orçamento com a Câmara da qual depende directamente, nem da gestão orçamental face a uma hipotética programação e muito menos uma direcção artística. O Sr. Dr. Murteira diz no último Diário do Alentejo que pretende que o Pax Julia «venha a ser para as artes do espectáculo o que a Biblioteca Municipal de Beja foi e é para a leitura pública» e eu desejo sinceramente, pelos motivos que adiantei, que o Pax Julia não venha a ser o que a Casa da Cultura foi e é para as artes do espectáculo, para a formação de novos públicos, para a captação de competências e valores artísticos na nossa região.
Dito isto, reitero o meu sincero desejo de felicidades ao Sr. Dr. José Filipe Murteira, sem qualquer cinismo, entenda-se.